Deportados dos EUA Relatam Agressões e Maus-Tratos em Voo de Repatriação
Brasileiros deportados dos Estados Unidos relatam condições desumanas durante o voo de repatriação e denunciam agressões físicas por parte dos agentes do governo estadunidense. Os relatos incluem algemas, correntes, chutes e porretes, além de situações extremas de calor e falta de alimentação.
“Me Enforcaram”: Depoimentos de Agressões e Maus-Tratos
Jeferson Maia, um dos deportados, relatou ao Metrópoles que foi acorrentado por 50 horas durante o voo. "Eu fiquei 50 horas acorrentado pelo braço, barriga e pés. Sem poder ir ao banheiro. Nós pedimos para sair porque estava muito quente [dentro do avião] e não deixaram. Me agrediram e me enforcaram", afirmou o vigilante. Segundo ele, as condições de transporte eram insuportáveis, e os deportados não foram atendidos em suas necessidades básicas.
O voo, que saiu dos Estados Unidos e fez paradas no Panamá e Manaus, foi marcado por protestos dos deportados devido às condições de extrema desconforto e abuso físico. O destino final era Belo Horizonte (MG), mas o tratamento a bordo foi descrito como um verdadeiro pesadelo para muitas famílias, inclusive com crianças pequenas e até crianças com autismo.
Testemunhos de Agressões Físicas: "Meteram Porrete Sem Dó"
Outro deportado, Luis Fernando Caetano Costa, contou que testemunhou cenas violentas dentro da aeronave. “Os meninos estavam todos algemados. Os caras meteram porrete sem dó. Jogaram o moleque no chão. Teve um menino que deram um golpe nele até desmaiar”, relatou ele, mostrando indignação com o tratamento brutal que os deportados receberam.
As famílias, já em situação vulnerável, enfrentaram a humilhação de serem trancadas dentro do avião com altas temperaturas e sem acesso a alimentos ou água. A situação só piorou com as agressões físicas.
A Escala em Manaus e a Intervenção do Governo Brasileiro
A aeronave norte-americana fez uma escala em Manaus devido a um problema técnico, mas as condições no voo não melhoraram. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, emitiu uma ordem para desautorizar o uso de algemas e correntes, o que levou os deportados a serem transferidos para um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para concluir a viagem até Minas Gerais.
Denúncias de Maus-Tratos e Medidas do Governo Brasileiro
A Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, esteve no aeroporto de Belo Horizonte para receber os deportados e se manifestou sobre as graves denúncias de agressões. "As denúncias das pessoas que chegaram são muito graves. A gente tinha numa mesma aeronave famílias, crianças, crianças com autismo, com algum tipo de deficiência, que passaram por situações muito graves", afirmou a ministra.
Ela acrescentou que o Ministério dos Direitos Humanos vai preparar um relatório detalhado para o presidente e para o Ministério das Relações Exteriores, com base nos relatos feitos pelos deportados. Além disso, o governo federal está trabalhando com a Prefeitura de Belo Horizonte para garantir o acolhimento dos repatriados e oferecer apoio necessário.
Respeito aos Direitos Humanos e Políticas Imigratórias
Macaé Evaristo enfatizou a importância de respeitar os direitos humanos, independentemente das políticas imigratórias dos países envolvidos. “Os países têm suas políticas imigratórias, mas as suas políticas imigratórias não podem violar os direitos humanos", disse. "O Brasil sempre tratou com muito respeito toda a população, tanto refugiados que chegam no Brasil quanto pessoas que nós temos que repatriar", completou.
Essas denúncias graves expõem não apenas as condições desumanas enfrentadas pelos deportados, mas também colocam em pauta a necessidade de uma revisão urgente nas práticas de deportação e no tratamento de imigrantes, reforçando o compromisso de proteger os direitos dos cidadãos brasileiros em qualquer parte do mundo.
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